Cinco espetáculos da Temporada França-Brasil fazem parte da Bienal Sesc de Dança
24/09/2025
(Foto: Reprodução) Mascarades – Crédito: Queila Fernandez
A 14ª Bienal Sesc de Dança começa nesta quinta-feira (25) e vai até o dia 5 de outubro em Campinas. Realizada pelo Sesc São Paulo, com apoio da Prefeitura Municipal de Campinas e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o evento conta com mais de 80 atividades e recebe cinco espetáculos da Temporada França-Brasil 2025.
A Temporada é um evento que celebra os 200 anos das relações diplomáticas entre os dois países, com uma série de ações em 15 cidades brasileiras, fortalecendo o intercâmbio cultural, como os espetáculos nesta edição da Bienal em Campinas.
Espalhada por diferentes espaços da metrópole campineira, a Bienal Sesc de Dança convida o público a uma imersão artística através da cultura de 18 países. Neste contexto, serão quatro espetáculos da França e um de Guadalupe, território ultramarino francês. Eles abordam temas como identidade, coletividade e transformação.
Os artistas franceses e guadalupenses são dançarinos e performers, que vão ocupar o Sesc Campinas (Espaço Expositivo, Ginásio e Teatro) e fora da unidade, o Teatro Municipal Castro Mendes.
Quais são os espetáculos da Temporada França-Brasil na Bienal Sesc de Dança?
A mon seul désir – Crédito: Thomas Greil
A mon seul désir (association Os – Gaëlle Bourges)
O Teatro Castro Mendes de Campinas recebe o espetáculo “A mon seul désir” (Ao meu único desejo), da francesa Gaëlle Bourges. Inspirada na tapeçaria medieval A Dama e o Unicórnio, a coreografia propõe uma reflexão crítica sobre a representação da virgindade feminina – e sua ausência – ao longo da história da arte. Bourges é coreógrafa e fundadora da companhia association Os, com trabalhos que partem da história da arte e exploram novas formas de representação no palco.
Cellule – Crédito: Mark Maborough
Cellule (Cela) com Nach Van Van Dance Company
Em seu primeiro solo, a francesa Nach faz um testemunho livre e pessoal do Krump (sigla de Kingdom Radically Uplifted Mighty Praise), estilo que permeia toda a sua carreira. Vertente do hip-hop, essa dança nasceu no início dos anos 2000, em resposta à repressão policial e aos conflitos raciais em bairros periféricos de Los Angeles.
Os movimentos em cena partem da base do estilo (com típicas paradas bruscas e solavancos), mas não se restringem a ele. São costurados a outros universos e poéticas e se abrem a outras expressividades. Pouco a pouco, desvelam uma infinidade de personagens, um caleidoscópio de imagens e sensações, que vão da delicadeza à violência. Isso em meio a um jogo de claro e escuro, com o revelar e apagar das luzes e das projeções sobre as paredes. Ao desvencilhar-se de amarras de linguagem e de conceitos, Nach apresenta um corpo múltiplo, repleto de possibilidades, e cria um manifesto contra o confinamento.
Autophagies – Crédito: Argenis Apolinario
Autophagies (Autofagias) com La Part du Pauvre – Nana Triban
O espetáculo se coloca entre as artes cênicas e uma degustação coletiva. Mariela Santiago faz o papel de mestre de cerimônias, convidando o público para uma espécie de eucaristia documental. Durante a encenação, a preparação de um mafê (ensopado africano) é acompanhada por histórias sobre seus ingredientes. Por trás de cada alimento, está uma história de migração, conquista colonial ou formas de exploração de pessoas e do meio ambiente.
A diretora Eva Doumbia propõe recontar as origens dos alimentos através da culinária e, por meio de palavras e anedotas, conectá-los à experiência pessoal. A intenção é tomar consciência do que temos no prato. O trabalho insere comida no centro do palco para reexaminá-la a partir de uma série de paradoxos, e propõe que comamos conscientemente, tomando nossos hábitos e preconceitos como ponto de partida para a reflexão.
Le Sacre du sucre – Crédito: Alexandre Boissot
Le Sacre du Sucre (O Rito do Açúcar) com Company Trilogie Lēnablou
A artista guadalupense Lēnablou contorna a história colonial de seu país – que tem no cultivo do açúcar um dos seus principais mecanismos –, refutando a narrativa de dominação e retomando gestos ancestrais. Em cena, propõe um percurso pela sabedoria e pelas criações da população neocaribenha.
Lēnablou costura seu espetáculo em torno da matriz gwoka, prática musical e coreográfica guadalupense que valoriza as expressões individuais e o improviso. Acompanhada de outros dois performers sobre o palco, que dançam, cantam e tocam os instrumentos percussivos, Lēnablou cultiva um diálogo entre o corpo dançante e o corpo sonoro. Transita entre cantos e movimentos instáveis, colocando em prática o fap-fap, a arte do imprevisível, uma estética da “harmonia do caos”.
Mascarades – Crédito: Queila Fernandez
Mascarades com Betty Tchomanga
O espetáculo gira em torno da figura mitológica de Mami Wata, divindade das águas presente em culturas africanas e representada no Brasil por Iemanjá. Ela é retratada como uma sereia ambígua — símbolo de beleza, poder, sexualidade e monstruosidade.
A coreógrafa Betty Tchomanga explora essas camadas por meio de um solo baseado em um único movimento: o salto, repetido de forma visceral e acompanhado por música eletrônica. A performance, interpretada por Ndoho Ange, evoca imagens que transitam entre o mitológico e o humano, refletindo sobre desejo e prazer.
Onde posso comprar ingressos da Bienal Sesc de Dança?
A 14ª edição da Bienal Sesc de Dança conta com atividades gratuitas e com valores a partir de R$ 12. Os ingressos estão disponíveis pelo site, app e nas unidades do Sesc SP.
Para mais informações sobre a 14ª Bienal Sesc de Dança, acesse o site sescsp.org.br/bienaldedanca.
Serviço
A mon seul désir (Ao meu único desejo)
association Os - Gaëlle Bougers
França – França/Brasil 2025 (45 min)
Dias 26 e 27/9. Sexta e sábado. 19h.
Teatro Castro Mendes. 16 anos.
R$12 | R$20 | R$40
Cellule (Cela)
Nach Van Van Dance Company
França – França/Brasil 2025 (45 min)
Dias 26 e 27/9. Sexta e sábado. 19h30.
Sesc | Espaço Expositivo – Galpão 2. 12 anos.
R$12 | R$20 | R$40
Autophagies (Autofagias)
La Part du Pauvre – Nana Triban
França – França/Brasil 2025 (95 min)
Dias 26, 27 e 28/9. Sexta, sábado e domingo. 20h.
Sesc | Ginásio. 14 anos.
R$12 | R$20 | R$40
Le sacre du sucre (O rito do açúcar)
Company Trilogie Lênablou
Guadalupe (60 min)
Dias 30/9, 1° e 2/10. Terça, quarta e quinta. 20h30.
Sesc | Ginásio. 12 anos.
R$12 | R$20 | R$40
Mascarades
Betty Tchomanga
França, França/Brasil 2025 (45 min)
Dia 28/9. Domingo. 18h.
Dia 29/9. Segunda. 15h.
Sesc | Teatro. 12 anos.
R$12 | R$20 | R$40