Mulher morta atropelada pelo ex-companheiro é 4ª vítima de feminicídio em Campinas em 2025
18/10/2025
(Foto: Reprodução) Mulher morta atropelada pelo ex-companheiro é 4ª vítima de feminicídio em Campinas em 2025
Com o assassinato de Camila Oliveira Silva, de 33 anos, atropelada pelo ex-companheiro que não aceitava o fim do relacionamento, neste sábado (18), o número de vítimas de feminicídio chegou a quatro em Campinas (SP) no ano de 2025.
Desde que o crime foi tipificado no código penal, em 2015, são pelo menos 66 mulheres assassinadas na metrópole, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) - veja números abaixo.
Cuidadora de idosos, Camila foi atropelada quando entrava no carro do atual namorado, ao lado da filha dele, de 7 anos. As duas foram atingidas.
Segundo a PM, Edenizio Júlio Teixeira, de 39 anos, deu uma volta, e retornou, acertando a ex-mulher novamente.
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O atual namorado contou que conseguiu resgatar a filha, e quando foi tentar ajudar Camila, o homem jogou o carro novamente contra a vítima.
O suspeito fugiu do local, e o veículo utilizado nos atropelamentos foi encontrado abandonado em uma rua próxima.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e constatou o óbito de Camila no local. Com ferimentos no braço, a criança foi socorrida e encaminhada ao hospital pediátrico Mário Gattinho.
Em nota, a SSP informou que diligências para localizar o suspeito estão em andamento.
"Foram solicitados exames periciais ao Instituto Médico Legal (IML) e o caso foi registrado como feminicídio, tentativa de homicídio e localização/apreensão de veículo no plantão da 2ª DDM de Campinas", diz a pasta.
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Edenizio Júlio, ex-companheiro de Camila Oliveira Silva, é suspeito do feminicídio e procurado pela PM em Campinas (SP)
Arquivo pessoal
Outras vítimas
Em setembro, Larissa dos Santos Silva, de 29 anos, foi morta na frente de casa no Conjunto Habitacional Vida Nova. Ela voltava para casa do trabalho quando foi atingida por disparos do marido e morreu no local. Bruno William da Silva foi preso após se entregar à Polícia Civil.
Segundo a mãe da vítima, Mariza dos Santos, Larissa chegou a pedir uma medida protetiva contra o marido, mas retirou o pedido após ele 'prometer mudar'.
Larissa da Silva era mãe de quatro filhos. Segundo a PM, Bruno Wiliam da Silva teria fugido em uma motocicleta após atirar na esposa..
Arquivo pessoal
Em março, a adolescente Lívia Emanuelle Meireles Florian, de 17 anos, foi baleada na calçada de uma rua do Jardim Santa Lúcia, no dia 24. Ela foi socorrida e internada, mas morreu dois dias depois.
Segundo o boletim de ocorrência, guardas municipais foram acionados para atender uma ocorrência de disparo de arma de fogo e, ao chegar, encontraram a vítima caída e com sangramento.
Testemunhas relataram que o suspeito estava de moto e que, ao se aproximar da vítima, teria dito "só vou dizer uma coisa" e disparou contra ela.
Lívia Emanuelle Meireles Florian, de 17 anos, morreu após dois dias internada em Campinas (SP); ela foi baleada no rosto e ex-namorado é o principal suspeito do crime
Reprodução
O primeiro feminicídio registrado em Campinas em 2025 foi o de Sandra Regina Mercadante, de 49 anos, morta a facadas no dia 6 de janeiro. Segundo a Guarda, a vítima teria sofrido 10 facadas pelo corpo, incluindo peito e pescoço.
O companheiro da vítima foi preso no dia seguinte, na Rodovia Anhanguera, em Araras. Os dois tinham um relacionamento de cinco anos.
Sandra Regina Mercadante, vítima de feminicídio em Campinas (SP)
Arquivo pessoal
Casos na região
Considerando os dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo, de 2015 até agosto de 2025, são 133 vítimas de feminicídio na área de cobertura do g1 Campinas - e houve pelo menos um caso em 20 das 31 cidades no período.
Campinas é a cidade que contabiliza mais vítimas, com 65 registros (sem contar o de Camila, registrado neste sábado), seguida por Sumaré (11), Hortolândia (9), Americana (7) e Mogi Mirim (7) - veja lista completa abaixo.
Campinas: 65
Sumaré: 11
Hortolândia: 9
Americana: 7
Mogi Mirim: 7
Indaiatuba: 6
Mogi Guaçu: 5
Paulínia: 5
Águas de Lindoia: 2
Artur Nogueira: 2
Itapira: 2
Pinhalzinho: 2
Serra Negra: 2
Socorro: 2
Amparo: 1
Espírito Santo do Pinhal: 1
Holambra: 1
Jaguariúna: 1
Pedra Bela: 1
Pedreira: 1
Sandra Regina Mercadante, Lívia Emanuelle Meireles Florian, Larissa dos Santos Silva e Camila Oliveira Silva
Montagem/g1
'Algo de errado'
Ex-delegada da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Campinas, Teresinha de Carvalho destaca que a pena para o crime de feminicídio no Brasil é alta, e que mesmo com a legislação dura e aumento da rede de apoio e atendimento, os números de casos segue aumentando.
Para a ex-delegada, "algo está sendo feito da maneira errada", e isso passa por uma questão cultural, em que homens ainda veem mulheres como propriedades.
"A ideia é que os homens entendam que as mulheres têm o direito de recomeçar, têm o direito de terminar um relacionamento e isso ainda está na cultura dele, não importa a idade. Os feminicidas têm de 15 a 80 anos, então não é um problema só cultural, é uma falta mesmo de uma formação educacional que prepare o cidadão para respeitar a mulher como um sujeito de direitos na sociedade, igual a ele", afirma.
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